quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço - Parte II

Depois da final do Oncosinos e dos Jogos Regionais de Santa Catarina, joguei a semifinal do campeonato gaúcho que para mim até agora é uma incógnita o porque de sua realização, posto que a final do estadual foi um torneio aberto. Talvez o torneio se explique pela disputa pelas 3 vagas na semifinal do Brasileiro. Seja como for, tive a oportunidade de mais uma vez enfrentar o Eduardo Munoa. Nessa ocasião eu tinha absoluta certeza da variante que ele jogaria contra uma índia do rei. Preparei a variante Mar del Plata com o "apoio" de Gligoric. Uma variante aguda, arriscada, em que o preto inicia uma avalanche de peão na ala do rei e o branco um forte ataque na ala da dama. É preciso muita cautela e coragem para ambos os bandos, mas é fato que eu ultimamente tenho arriscado muito mais do que de costume.


Eduardo Munoa 1 x 0 Eider Cruz
Outubro, 2011
- PGN

Infelizmente não tenho foto dessa partida, então ficaremos só com o diagrama. Gosto de pôr fotos sempre que posso, pois elas aproximam o acontecido do acontecimento tornando mais vivo o passado. Acho que nenhum evento de xadrez poderia ficar sem fotos - grande falha do organizador.

O diagrama acima surgiu a partir de 27. Tac1? que é sem sombras de dúvidas um erro, pois permite 27. ... Txc1 28. Dxc1 Dd8 e não há defesa para o peão de b6. Nesse momento eu tive certeza que havia superado meu adversário e no meio jogo havia conseguido melhores chances. Mas no decorrer da partida o Munoa fez lances fortes e enérgicos, enquanto os meus lances denotavam a minha queda de rendimento. É importante notar também como as peças passivas do branco se tornam monstras no arremate da partida. Esse tipo de revolução não se pode nunca permitir.

29. Bb5 Lance ativo que inicia a minha confusão. Não queria de jeito nenhum a ativação desse bispo por isso o lance profilático. 29. ... Te7 ao invés disso era possível diretamente Dxb6 e se Be8 então Tc7. 30. Dc4 Dxb6 31. Dc8+ Cf8 32. Bf1 O branco ficou com medo da ameaça Tc7-Tc1+-Txh1+-Dxf2, mas na verdade com 32.Be8 existe a possibilidade da seguinte linha de empate 32. ... Tc7 33. Df5 Tc1+ 34. Rh2 Txh1 35. Rxh1 Dxf2 36. Bf7+ Rh8 37. Dxh5 Ch7 38. Bg6 e agora não resta mais nada para o preto a não ser dar xeque-perpétuo.

32. ... Tc7 33. Dd8 Rf7 34. Dg5


Jogam as pretas - um plano finíssimo para vitória

Nessa posição as negras tem um plano fino a sua disposição para a vitória. Eu só pensava em esconder o meu rei atrás de minhas peças menores e depois disso ganhar o peão de b e partir para coroação. Mas trazer a torre para a ala do rei resulta muito mais eficiente, pois mantém todas as peças brancas sem jogo e se batento atrás de suas próprias linhas defensivas. Realmente finíssimo: como é bonito o xadrez. 34. ... Bf6 35. Dxh5+ Rg8 e a torre se prepara para entrar em ação, destruindo com as peças estagnadas do meu adversário. 36. Df5 Tf7! O branco está sem lance. 37. Bd3 Be7 38. Dg4+ Tg7 39. Dc8 Th7 40. Dg4+ Rf7 Com um pouco mais te tempo no relógio, ou um pouco mais de xadrez era bastante possível enxergar a trasposição da torre para a ala do rei.

34. ... Tc2? 35. Dxh5+ Re7 36. b4 Txf2 37. Cxf2 e o cavalo entra em jogo depois de sua longa ibernação. 37. ... Dxb4 38. Cg4 Dc5+ ainda estava confiante na vitória mediante o avanço do meu peão passado e não tomei precauções necessários para a segurança do meu rei. 39. Rh2 b5 40. Dg5+ Rf7 41. Dd8 no momento exato meu adversário faz a transferência de ala de sua dama. 41. ... b4 42. Ba6! b3 43. Bc8 Para que se preocupar com um peão passado. Melhor é colocar todas as peças na cara do rei adversário. 43. ... b2?? o erro decisivo Da7 manteria ainda a partida com chances iguais. 44. Be6+ Cxe6 45. dxe6 Rg6 46. e7 1-0 Essa foi a minha derrota mais dolorida desse ano. Mais uma vez o Munoa me escapa.

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